Durante este ano, foram registradas apenas cinco ações referentes à prestação de serviços por parte de frequentadores de estádios
Equipe Universidade do Futebol
Apesar de apontar diversos problemas, desde a venda de ingressos, passando pela entrada nos estádios, pela falta de lugares marcados, pelas más condições de conservação dos banheiros e até a comida vendida no palco dos jogos de futebol, o torcedor brasileiro aciona muito pouco o Procon.
De acordo com a Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor de São Paulo (Procon-SP), foram registradas apenas cinco reclamações de torcedores durante este ano.
Segundo Carlos Augusto Coscarelli, assessor chefe do órgão, as poucas ações por parte de torcedores de futebol acontece devido a duas razões. “Acredito que isso acontece por um comodismo ou porque o torcedor teme prejudicar seu time por causa de sua reclamação. É bom lembrar que o futebol não é um serviço como outro qualquer: ele envolve muita paixão”, comentou.
A empresa BWA, responsável por cerca de 90% da venda de ingressos no Brasil, reconhece as más condições dos estádios nacionais. “Os estádios brasileiros hoje não estão prontos para dar uma condição boa ao consumidor. Falta banheiro, o atendimento e a alimentação são precários”, disse Walter Balsimelli Neto, um dos donos da BWA.
Ainda que haja todos esses problemas, o valor dos ingressos não é barato. Para a partida entre a seleção brasileira e a paraguaia, em Recife, em junho, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2010, as entradas mais baratas custavam R$ 50,00.
O Estatuto do Torcedor reserva um capítulo especial sobre as condições de alimentação e higiene nos estádios e diz que cabe ao Poder Público, por meio dos órgãos de vigilância sanitária, fiscalizar a qualidade das instalações físicas e dos produtos alimentícios vendidos no local. “É direito do torcedor que os estádios possuam sanitários em número compatível com sua capacidade de público, em plenas condições de limpeza e funcionamento”, traz o Artigo 29 do Estatuto.
“Se a gente mudasse realmente a estrutura, se o clube virasse empresa, a punição viria imediatamente em forma de resultado. Uma empresa que não faz seu serviço direito é punida pelo resultado que ela obtém”, opinou Rodrigo Terra, promotor de Justiça do Rio de Janeiro.