Abriram as jaulas e soltaram os bichos no Campeonato Brasileiro, o melhor de todos os tempos de pontos corridos. Falharam todas as previsões e nenhuma projeção até aqui deu certo. Quebraram as bolas de cristal, falharam os búzios e as cartas.
A duas rodadas do final temos quatro candidatos com chances reais de título. Nem vamos discutir nível técnico. Certamente não é dos melhores. Mas, quando veremos quatro equipes excepcionais disputando ponto a ponto o título do Brasileirão? Nunca. Então degustemos o que está aí. São Paulo, Flamengo, Inter e Palmeiras vão enlouquecer suas torcidas nesta reta final.
Do jeito que as coisas andam parece que ninguém quer ganhar esse campeonato. Na rodada do fim de semana só um entre os seis primeiros ganhou, o Inter. Os quatro já tiveram inúmeras chances de disparar na liderança. O Palmeiras mesmo andou cinco pontos a frente, mas foi entregando, entregando, até deixar o equilíbrio tomar conta da tabela. Acaba de ressuscitar. O Inter, cantado em prosa e verso como “o time”, tropeçou tanto em momentos decisivos que ultimamente andava meio esquecido e desconsiderado. Para ser lembrado de novo teve que ir para o Mineirão ganhar o quinto confronto do ano do Celso Roth. Foram dois com o Atlético e três Grenais.
O grande campeão São Paulo conseguiu perder para o desesperado Botafogo. A delegação desceu correndo do avião na volta pra casa, louca para saber o resultado do Maracanã. Oh surpresa! Quanta alegria! O Flamengo não havia feito um golzinho sequer no Goiás, nem inspirado pelo mau exemplo da mão francesa do Henry.
Ficou tudo como dantes. Ainda pode acontecer coisa de fazer corar um frade de pedra nas duas rodadas finais, inclusive uma disfarçada entrega de jogo. Ou alguém imagina que, se Inter e Flamengo chegarem na última rodada com chances iguais de botar a faixa no peito, o Grêmio jogará sério no Maracanã. Podem contabilizar três pontos para o rubro negro. A pressão da torcida e conselheiros gremistas será grande para que entre em campo um time reserva, se possível com o “reforço” de alguns jogadores da base.
E não podemos esquecer a parte de baixo da tabela, onde o Fluminense vive uma epopéia. Não perde há treze jogos, classificou para a final da Copa Sul-Americana, e está próximo de escapar do rebaixamento. Depende só de si.
A pedra na chuteira é o jogo de quarta-feira em Quito, no cume da montanha, onde os paraguaios do Cerro Portenho acabam de tomar sete a zero. Tem gente temendo pela sorte do Flu e por conseqüências funestas na campanha memorável de recuperação no Brasileiro. Pode acontecer, caso a maldição da altitude faça estragos e reduza a pó o entusiasmo tricolor, que voltaria desmoralizado para a sua realidade no Brasil, que é a tentativa de fuga da segunda divisão.
Até Avaí e Figueirense fizeram sua parte na loucura coletiva do fim de semana. Um perdeu de goleada para o rebaixado Santo André, fazendo puf no sonho da Libertadores. O outro deixou escapar em casa a chance de continuar lutando para voltar à série A.