“Qual a profissão mais importante para um país, a de professor ou a de senador?”, indaga o professor Márcio Neves, em e-mail a este blog. Acompanhe seu raciocínio:
“Caro Moacir, sou policial (delegado de polícia) e já tive a oportunidade de enviar um e-mail para o senhor em outra oportunidade. Lembro que ele deu grande repercussão em seu blog.
Quero aqui parabenizá-lo pelas matérias postadas em apoio à greve dos professores e quero a elas fazer coro, pois entendo que é a mais legítima do Brasil.
Como cidadão gostaria muito de ver os professores catarinenses ganhando pelo menos o triplo do que ganham atualmente (no mínimo!).
Não sei se o senhor vai publicar minha manifestação (e indignação) em seu blog, haja vista que sua área de atuação é a cobertura da política brasileira, em especial a catarinense, e minha crítica é justamente a ela, mas quero contribuir com o debate fazendo um questionamento diferente. Em caso positivo, peço apenas para não publicar meu nome e profissão (delegado de polícia).
Faço o seguinte questionamento: Qual a profissão mais importante do mundo?
O país que investe em educação vira uma potência! Veja o exemplo da Coreia do Sul que se transformou numa das maiores potências do mundo quando em 1950 resolver investir maciçamente em educação. Veja também o caso do nosso vizinho Paraguai que era o país mais desenvolvido da América Latina (governos de José Gaspar Rodríguez de Francia, Carlos Antonio López e Francisco Solano López) e que, após a guerra, deixou de investir nessa área e virou um dos mais pobres do nosso continente.
O professor tem a profissão mais importante do mundo! Sem ele nenhuma outra profissão existe!
Para apimentar ainda mais, quero aqui fazer uma comparação.
Qual a profissão mais importante para um país, a de professor ou a de senador?
Um Senador ganha o absurdo de 26,5 mil reais (para fazer o que faz – ou o que não faz). Um professor está lutando para ganhar um mísero piso (veja que o senador ganha o teto) de mil e poucos reais. Eu falo apenas do salário e não do custo que tem o gabinete do senador, que daria para pagar cerca de 100 professores no valor do piso definido pela lei federal. O sistema unicameral é melhor para nosso país.
Todo governo argumenta que não tem dinheiro para conceder o aumento para o funcionário público. Algumas categorias ganham demais, é verdade, mas outras ganham muito aquém do considerado razoável. O desafio é esse. Dar equilíbrio nos gastos públicos. Conceder o valor digno a quem realmente merece.
Na minha opinião é absurdo o argumento do governo dizer que não tem dinheiro, pois, não sei se o senhor se lembra, mas no apagar das luzes do ano de 2010, quando o povo brasileiro se preparava para passar a virada do ano foi surpreendido com a notícia de que os próprios senadores e deputados aumentaram seus salários em 62%, e para isso eles gastaram apenas 08(oito) minutos (votação nas duas casas). Isso sem contar que eles têm 14º e 15º salários, entre outras gorduras que o povo brasileiro custeia. Temos o segundo legislativo mais caro do mundo.
Lembre-se também do efeito cascata que esse aumento trouxe para os estados e municípios, pois os deputados estaduais e vereadores têm a remuneração vinculada em percentual ao poder legislativo federal.
Quer dizer então que para eles (políticos) têm dinheiro, mas para os professores não?
Como que não tem dinheiro se o brasileiro paga a segunda maior carga tributária do mundo em cima do salário? Como que não tem dinheiro se o povo brasileiro paga a 11ª maior carga tributária (geral) do mundo? Dinheiro tem! Só que ele é destinado a pessoas que não prestam e que não servem ao país como deveriam.
Por fim, sabemos que governadores recebem aposentos vitalícios no valor do teto sendo que no máximo trabalham para o estado 08 anos. Tem governador que “trabalhou” 09 meses e recebe essa aposentadoria. O cidadão tem que contribuir 35 anos, se homem, e 30 se mulher, para conseguir a sua limitada ao teto do Inss.
Diante de tudo isso eu pergunto: Vai pra frente um país desses?
Atenciosamente,….”
Do Blog do Moacir Pereira