segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Profissionalismo é a alma do negócio

O papel de salvador da pátria é o mais disputado pelos dirigentes esportivos. Cada qual ao seu estilo perpetua-se no cargo máximo de seus clubes com um objetivo maior: ser útil à sua maior paixão. Só essa dedicação é suficiente para modificar a situação dos times brasileiros? Publicado em 1989, é como se tivesse sido escrito, digamos assim, ontem.

Era uma vez um time de futebol que usava camisas brancas. Imaculadamente brancas, como os calções. De preto só o distintivo – e um punhado de artistas como Dorval, Mengálvio, Coutinho e ele, o Rei Pelé.

O mundo parava para vê-lo jogar. E o Santos ganhava, ganhava e ganhava. Ganhava os jogos, as taças e os dólares. Muitos dólares. Enchia estádios por onde passava e os cofres da Vila Belmiro, a vila mais famosa do mundo, como se dizia então.

Os artistas se aposentaram, as camisas não são mais imaculadas, pois cederam espaço para os patrocinadores, e a Vila definhou porque os dólares eram de papel e o vento levou. Sobraram uma torcida imensa e uma enorme saudade. E a situação ficou preta.

Era uma vez um time de futebol que usava camisas rubro-negras. alegremente rubro-negras e de calções brancos. Como branco era, e ainda é, o seu maior artista, Zico. Um time que tinha Raul, Leandro, Mozer, Júnior, Tita, Andrade, Adílio, Nunes. E que, do outro lado do mundo, também conquistou a maior glória que um clube pode conquistar.

O Flamengo foi o clube brasileiro que mais venceu na década de 1980 e está longe de definhar. Tem a maior torcida do país, um patrimônio sólido, mas, também, já deixa saudade. Um branco difícil de preencher.

Saudosismo à parte, Santos e Flamengo, com destinos opostos em relação às fortunas acumuladas, são faces da mesma moeda num futebol administrado amadoristicamente. O clube paulista não teve a sorte de ser dirigido com competência. O Flamengo, ao contrário, até que teve, embora ainda sem a visão empresarial que exige tempo integral e só pode ser realizada profissionalmente.

Sim, porque não só os cartolas das entidades dirigentes deixam a desejar. Com triste freqüência, os dos clubes não são melhores. Tanto que abandonaram iniciativas como a que redundou no Clube dos 13. E até hoje não entenderam quem é que tem a força.

Nossa envelhecida legislação, para variar, tem culpa no cartório ao impedir, por exemplo, que os clubes tenham o lucro como finalidade. E tome amadorismo. Homens que, dizem eles, se sacrificam por amor ao clube. Não é por vaidade ou por paixão, nem por ambições outras. E por espírito público, juram.

Ora, basta de mártires. Que voltem para suas casas e descansem em paz, durmam o sono dos justos. O futebol brasileiro precisa de cabeças novas, de gente que saiba arrecadar os recursos para manter nossos craques por aqui – e não é preciso ser nenhum gênio em marketing para entender o que significam negócios como o Flamengo ou o Santos. Porque os gênios do mal já entenderam e fazem transações mirabolantes que revertem em seu próprio benefício. Que se dane o clube, que se danem os torcedores.

É claro que existem as exceções. Adílson Monteiro Alves, o da Democracia Corintiana, foi uma delas. Carlos Miguel Aidar e Márcio Braga, pais do Clube dos 13, outras. Paulo Odone, do Grêmio, mais uma. Eles, por sinal, jamais fizeram papel de mártires, ainda que padecendo dos males do amadorismo. Porque mártires, mesmo, são o torcedor e o futebol brasileiros.

Era uma vez a seleção canarinho que, hoje, mora na Europa. Por quê? Talvez porque, lá, a maioria dos clubes esteja organizada como empresas.

As camisas da CBF ainda podem maravilhar o planeta. Mas ao torcedor brasileiro restou apenas o amarelo no sorriso.

(Publicado em “O Globo” de 09/11/1989)

Projeto de vida. De Lages para o Paraná

Depois de 18 dias de teste no mês passado, em Curitiba, Alisson Alves Farias, o Azul, 13, foi aprovado pelo Atlético Paranaense e já neste dia 25 se apresenta ao clube. A primeira grande disputa do lageano é o Campeonato Paranaense sub 15 e vai jogar tanto no meio-campo como no ataque.

Revelado no futsal, Azul foi artilheiro da sub 13 do Estadual 2009 com 65 gols. Ele conta que não vai abandonar definitivamente a modalidade. O garoto vai continuar na relação dos jogadores da Ki-Bola que irá disputar a categoria sub 15 do Estadual nesta temporada. “Acredito que as chances no futebol são bem maiores e melhores”, explica o garoto, sonhando em fazer sucesso também nos campos. Azul vai morar no Centro de Treinamento do Atlético Paranaense e além de estudo terá uma ajuda mensal de R$ 150,00.

Mesmo com anos de intimidade com a bola disse que se sentiu surpreso por ter agradado o treinador Gustavo. “Meu desempenho não foi lá essas coisas, mas consegui convencer o treinador que tinha habilidade”, conta se referindo aos treinos físicos, táticos e técnicos pelo qual passou no Paraná. “No começo não fui muito bem, fiquei acanhado.

Bem no final me soltei mais. Agora tenho que me esforçar para ganhar a titularidade”, completa o garoto lembrando que esta é a primeira vez que ficará longe de casa, mas isso não o assusta porque segundo ele, tem que se preparar para o futuro que quer seguir. Alisson que começou no futsal aos quatro anos, está bem animado, disse que a estrutura do Centro de Treinamento o impressionou pela grandiosidade e opções de atividades. “Vou levar para o futebol a mesma garra e determinação embora os espaços sejam pequenos (quadra e campo) pois estou certo do que quero”, promete o menino que mora no Bairro Habitação com a mãe, a diarista, Ana Paula. Filho único do casal que atualmente está separado, Alisson quer se profissionalizar e com o dinheiro que ganhar melhorar a casa da mãe.

Mas, por enquanto quer guardar o que vai ganhar.O garoto já dá sinais de amadurecimento, e pelo jeito vai deixar seu tipo moleque e indisciplinado e às vezes até relapso no que se refere à assiduidade nos treinos. Fatos que geraram reclamações do seu técnico de futsal Marquinhos Reis, que mesmo assim reconhece o potencial do menino.

Marquinhos prevê um futuro brilhante para Alisson, pois segundo ele, nessa idade (13- vai fazer 14 dia sete de abril) as qualidades de Alisson podem ser comparadas a um jogador de 15 e 17 anos. No futebol Alisson quer fazer de tudo para ser lembrado como o seu ídolo, o atacante Cristiano Ronaldo.