Begair Godóy | Lages
As décadas de 70 e 80 foram as mais produtivas quando o assunto é futsal em Lages. O Clube Caça e Tiro foi bicampeão em 82 pela primeira divisão, na época, equivalia a divisão especial de hoje. Nas categorias de base, as conquistas também foram expressivas e com exceção das sub 9 (que não existiam na época) Lages teve campeões em todas as categorias. Esta matéria faz parte de uma série sobre o futsal lageano que serão publicadas ao longo do mês.
A afirmação é do presidente da Liga Atlética Região Serrana (Lars) Jaime Refinski que também defendeu Lages e fez parte da comissão técnica. Ele fala com saudade do tempo em que os lageanos faziam sucesso nas quadras do Estado. Lembra que quem comandava a equipe do Caça e Tiro, por exemplo, era o já falecido Almirante. Assim, como destaca a participação dos atletas como: Geáser, Chappo. Edson (Alemão), Teixeira, Vanderlei Brandalise, Pio, Paulino Longo (in memoriam), Miltinho, Silvio e Vedana.
O presidente frisa, ainda que por conta das conquistas, naquela década alguns atletas deixaram a cidade. "Representantes de empresas de várias cidades do Estado e até de fora vinham sabendo do grande potencial dos jogadores e ofereciam empregos. As propostas eram atraentes e muitos se mudaram com a família e outros ganharam o mundo", explica.
Hoje, Refinski vê esse cenário se repetindo não nas mesmas proporções, mas lamenta que não se tenha um projeto para segurar os talentos lageanos. "Muitos atletas nossos, formados nas categorias de base estão deixando a cidade", argumenta. Exemplo disso, são os jogadores Ferrugem, Caçulinha e Pimentinha que estão jogando na Itália e o Fabrício que joga na Espanha. Também, o Edgar que defende a camisa da Intelli de Ortolândia, interior de São Paulo e Marquinhos (Paraná) ambos jogam a Liga Nacional. Também têm o Maninho (Florianópolis Futsal), Alemão (Chapecó) e Tio Rica que joga pelo Capivari, entre outros.
Assim, como tem ciência que Lages perde muito atletas para equipes financeiramente mais estruturadas, Refinski reconhece que na atualidade, há projetos que embora não assegurem a permanência dos talentos da casa, têm chances de mudar o cenário. Ele cita os projetos do Caça e Tiro que montou equipes sub 20 e da Primeira Divisão, mesmo que o clube tenha parado de investir nas categorias inferiores, coisa que fez nos últimos 10 anos, nessa linha aponta a Marka e o Inter. O projeto do Sargento Pacheco (sub 20) também recebe apoio do presidente. "Todos estão nesse processo de retomada, mas isso não significa que as portas serão fechadas para os caçadores de talentos" - admite.
"Se temos talentos adultos é porque foram trabalhados desde cedo"
Jaime, não esconde que a "menina dos olhos" dele são as categorias de base e claramente, dedica mais "carinho", no entanto, Refinski tem uma explicação: se temos talentos adultos é porque foram trabalhados desde os seis anos. "O trabalho nas categorias de base em Lages é muito forte e posso citar a Ki-Bola e o Hélio Moritz. Essas equipes têm boa represetatividade no Estado", comenta, destacando que hoje em dia, ficou mais fácil "fazer futsal", o futebol dos cinco agora compete de perto com o futebol da bola mais leve, segundo análise de Refinski.
"Nos últimos 10 a 12 anos o espaço do futsal foi aumentando. Primeiro por ser desenvolvido em quadras fechadas e segundo, porque independe das condições climáticas, acontece em todas as estações e além disso, pode-se fazer vários jogos", justifica.
Reitera ainda, que Lages nunca vai perder a referência de ser o celeiro do futsal e a cidade vai sempre conviver com "estrangeiros" levando os talentos. Refinski justifica a afirmação, ao salientar que recebe várias ligações de esportistas de "fora", pedindo informações sobre determinados jogadores. "Eles querem saber do comportamento, escolaridade e o dia a dia do atleta", conta.
Segundo Jaime, eles (os empresários) estão de olho nos atletas de 15 a 16 anos e oferecem salários compatível com a função, melhor estrutura e até estudo. "Sabe-se que tem lageano ganhando fora, salários fabulosos e mais que a própria folha da Marka, Caça e Inter, digo isso comparando os salários de jogadores das equipes adultas. O maior salário de Lages não passa de R$ 500. Tem atleta juvenil ganhando o dobro e até o triplo disso em outras cidades", garante. Apesar de todas essas constatações, Refinski tem eperança que ainda vai ver as equipes de Lages no topo do Estado, já que os treinamentos dirigidos para as categorias de base têm esse fim.
Após anos 50, o esporte ganhou amplitude e atinge as capitais
O futsal começou a ser praticado no Brasil na década de 40, uma vez que essa é a versão mais aceita de seu surgimento e foi por iniciativa de jovens frequentadores da Associação Cristã de Moços, em São Paulo. As quadras para a prática eram raras e o esporte era o único divertimento nas horas de lazer e o improviso em forma de "peladas" era constante, mas em quadras de basquete e hóquei, aproveitando as traves usadas na prática desse último esporte. No início, as "equipes" variavam em número, tendo cinco, seis e até sete jogadores, sendo pouco a pouco fixado o limite de cinco. As bolas eram de crina vegetal, serragem ou cortiça granulada. Como as bolas de ar utilizadas depois, saltavam muito e saiam frequentemente das quadras, tiveram seu tamanho diminuído e o peso aumentado. Daí, o fato de o futsal ser chamado de "esporte da bola pesada". O futsal começou a ganhar corpo, estendendo-se a outros estados, estabelecendo-se regras elementares que procurava disciplinar sua prática. Dentro de pouco tempo, organizaram-se times que disputavam torneios abertos. Dada a facilidade para a formação de equipes, ganhavam-se adeptos que foram introduzidos em quase todas as capitais, que já o praticavam copiando regras uns dos outros. Na década de 50, surgiram várias Federações, a pioneira - a Metropolitana de Futebol de Salão (atual Federação de Futsal do Rio de Janeiro).
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