sexta-feira, 11 de junho de 2010

Futebol e Política

Espanto-me cada vez menos com as semelhanças entre as torcidas de futebol e as torcidas de candidatos. São tão parecidos decerto porque fanático é fanático, não importa o objeto de sua tara. O torcedor de futebol não quer saber de conversa. Não lhe entram na cabeça argumentos razoáveis. E muitos, mais doentes, nem fazem muita questão da vitória de seu time, mas torcem para que os adversários morram, que os torcedores dos times adversários sejam assassinados, que toda a sua descendência seja banida da face da terra e sua ascendência amaldiçoada para todo o sempre.

De uns tempos para cá esse mesmo “sentimento” tem sido encontrado entre torcedores de candidatos. Não dá pra falar, no Brasil, de torcedores de partidos. O militante partidário é uma ficção provavelmente inventada por algum jornalista apressado que não prestou atenção direito no que eles tinham escrito nas camisetas. Pode ir a uma convenção partidária: tem o grupo de militantes do fulano, o grupo do beltrano, a turma da cicrana. E se não separar direitinho, acaba dando briga entre eles. Porque ninguém está nem aí para o partido. O partido é uma chatíssima obrigação legal, adotado conforme a conveniência particular.

Assim como é arriscado criticar um time de futebol de grande torcida (os colegas comentaristas esportivos que o digam), é insensato analisar candidatos em público. Imaginam os militantes que só existem dois tipos de pessoas no mundo: os que são cegamente a favor e estão incondicionalmente do “nosso” lado e os que são contra e, por isso, devem ser sumariamente calados. Se possível para sempre.

Como sei que esta é a realidade das ruas e dos comitês de campanha, fiquei surpreso com a polidez dos que comentaram e com o silêncio da maioria dos que leram a série de análises feitas aqui pelo Remy Fontana, de domingo a quinta desta semana. Sei que atraiu muita gente, porque tenho um programa que controla o número de acessos e o tempo que cada leitor fica na página, mas não tive que bloquear nenhuma manifestação mais agressiva.

Arriscaria dizer que, assim como os candidatos a governador ainda estão pisando em ovos, extremamente cuidadosos para não dizer nada que possa ofender um futuro aliado (que, a esta altura, poderá ser qualquer um), os militantes, que ainda estão sendo reunidos pelos verdadeiros cabos eleitorais (os candidatos a deputado), não estão totalmente mobilizados e atentos para o ataque. Mas em pouco tempo, assim que a Copa terminar, tudo entrará nos eixos.

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