Luis Filipe Chateaubriand
Este signatário considera que a Copa Sul-Americana é um grande fracasso, seja em termos esportivos, seja em termos financeiros. Assim, proponho que essa competição seja descontinuada, sendo substituída pela Copa Pan-Americana.
A Copa Pan-Americana possuiria duas características marcantes, a saber:
• Seria mais democrática que a atual Copa Sul-Americana, haja vista que participariam, também, clubes dos Estados Unidos, Canadá e América Central, ao passo que, na atual Copa Sul-Americana, só jogam agremiações da América do Sul e do México.
• Seria jogada paralelamente à Copa Libertadores da América – quem jogasse a Libertadores, não jogaria a Pan-Americana, e vice-versa. O esquema de disputa seria, portanto, similar ao que acontece, na Europa, com a Champions League e a Liga Europa (antiga Copa da Uefa).
O certame seria disputado por 64 clubes e em 11 rodadas – as mesmas 11 rodadas destinadas à Libertadores. O número de representantes por país seria este:
• Seis clubes brasileiros
• Seis clubes argentinos
• Cinco clubes mexicano
• Cinco clubes norte americanos
• Cinco clubes uruguaios
• Cinco clubes colombianos
• Quatro clubes paraguaios
• Quatro clubes equatorianos
• Quatro clubes venezuelanos
• Quatro clubes bolivianos
• Quatro clubes peruanos
• Quatro clubes chilenos
• Um clube panamenho
• Um clube costariquenho
• Um clube nicaragüense
• Um clube salvadorenho
• Um clube guatemalteco
• Um clube hondurenho
• Um clube belizenho
• Um clube canadense
Cada país teria o seu próprio critério para indicar os seus representantes, sendo que, é óbvio, os representantes de melhores colocações nas competições nacionais iriam para a Libertadores, e os seguintes, para a Pan-Americana. Assim, no caso brasileiro, propõe-se que:
• Caso haja sete clubes brasileiros na Libertadores (ver artigo anterior a este), esses sejam os cinco primeiros colocados da Série A do Campeonato Brasileiro e os dois finalistas da Copa do Brasil, da temporada anterior. Nesse caso, os seis clubes brasileiros na Pan-Americana seriam do sexto ao décimo colocados da primeira divisão do Nacional e o terceiro colocado da Copa do Brasil da temporada anterior.
• Caso haja seis clubes brasileiros na Libertadores (ver artigo anterior a este), esses sejam os cinco primeiros colocados da Série A do Campeonato Brasileiro e o campeão da Copa do Brasil, da temporada anterior. Nesse caso, os seis clubes brasileiros na Pan-Americana seriam do sexto ao décimo colocados da primeira divisão do Nacional e o segundo colocado da Copa do Brasil da temporada anterior.
E como jogar a Copa Pan-Americana em 11 datas, ou rodadas?
Os 64 clubes seriam divididos em 32 grupos de dois clubes, sendo que se definiria o melhor de cada grupo em jogos de ida e volta (duas rodadas). Os 32 clubes classificados seriam divididos em 16 grupos de dois clubes, sendo que se definiria o melhor de cada grupo em jogos de ida e volta (duas rodadas). Os 16 clubes classificados seriam divididos em oito grupos de dois clubes, sendo que se definiria o melhor de cada grupo em jogos de ida e volta (duas rodadas). Os oito clubes classificados seriam divididos em quatro grupos de dois clubes, sendo que se definiria o melhor de cada grupo em jogos de ida e volta (duas rodadas). Os quatro clubes classificados seriam divididos em dois grupos de dois clubes, sendo que se definiria o melhor de cada grupo em jogos de ida e volta (duas rodadas). Finalmente, os dois finalistas decidiriam o título em apenas um jogo, disputado em alguma importante cidade do continente americano pré-definida, que não seria a mesma cidade do jogo final da Libertadores (uma rodada).
Essas 11 rodadas seriam disputadas em meios de semanas dos meses de janeiro, fevereiro e da maior parte de março (paralelamente à Libertadores).
Surge, então, uma questão relevante: qual dos clubes possui o mando de campo no segundo jogo, e qual dos clubes possui o mando de campo no primeiro jogo?
Pode-se pensar na seguinte medida: dos dois clubes que jogam entre si, um deles poderá escolher ter o mando de campo no segundo jogo, e o outro, necessariamente, terá a vantagem de poder empatar as duas partidas (ou perder uma e ganhar a outra pelo mesmo saldo de gols) para se classificar, e vice-versa.
Como proceder isso? Sempre, quando se for decidir o local dos dois jogos, realiza-se um sorteio entre os dois clubes que jogarão. O clube que vencer o sorteio decide se prefere ter o mando de campo do segundo jogo ou se prefere poder empatar (ou perder um e ganhar o outro pelo mesmo saldo de gols) para se classificar. Se optar por ter o mando de campo do segundo jogo, o outro clube joga podendo empatar os dois (ou perder um e ganhar o outro pelo mesmo saldo de gols) para se classificar. Se optar por poder ter o empate nos dois jogos (ou perder um e ganhar o outro pelo mesmo saldo de gols) como resultados que lhe classificam, o outro clube terá o mando de campo no segundo jogo.
Um exemplo de como isso pode funcionar: se o jogo for Botafogo x Cruz Azul, procede-se o sorteio. Daí, uma das quatro situações acontecerá:
• Cruz Azul ganha o sorteio e opta pelo mando de campo no segundo jogo. Nesse caso, o Botafogo se classifica se empatar os dois jogos (ou se perder um e ganhar o outro pelo mesmo saldo de gols).
• Cruz Azul ganha o sorteio e opta por poder empatar as duas partidas (ou perder uma e ganhar a outra pelo mesmo saldo de gols) para se classificar. Nesse caso, o Botafogo tem o mando de campo do segundo jogo.
• Botafogo ganha o sorteio e opta pelo mando de campo no segundo jogo. Nesse caso, o Cruz Azul pode empatar as duas partidas (ou perder uma e ganhar a outra pelo mesmo saldo de gols) para se classificar.
• Botafogo ganha o sorteio e opta por poder empatar as duas partidas (ou perder uma e ganhar a outra pelo mesmo saldo de gols) para se classificar. Nesse caso, o Cruz Azul tem o mando de campo do segundo jogo.
Assim, em todos os jogos de ida e volta de dois clubes, há, anteriormente, o sorteio. A partir dele, ficará determinado qual dos dois clubes poderá empatar os dois jogos (ou perder um e ganhar o outro pelo mesmo saldo de gols) e qual deles terá o mando de campo do segundo jogo (o outro, obviamente, tem o mando de campo do primeiro jogo).
Essa metodologia cria uma vantagem para cada lado, sendo justa, e, de quebra, elimina a possibilidade de ter que se decidirem classificados em prorrogação ou pênaltis.
Na final, em apenas um jogo, o clube que fez melhor campanha ao longo da competição joga podendo empatar para ser campeão. Continuam não sendo necessárias prorrogações e pênaltis.
Então, essa é a minha proposta para a realização da Copa Pan-Americana. E o clube campeão do certame garantiria vaga no Campeonato Mundial de Clubes da temporada.
*Luis Filipe Chateaubriand é autor do livro 'Futebol brasileiro: um projeto de calendário', pela editora Publit (www.publit.com.br).
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