São poucos os jogadores que tem voz ativa para comandar seus companheiros dentro de campo. O capitão, muitas vezes, nem líder de seu grupo é. Essa mudança pôde ser vista em maio de 2001, quando o meia Ricardinho e o goleiro Maurício, do Corinthians, utilizaram um ponto eletrônico para ouvir as instruções do técnico Vanderlei Luxemburgo.
É uma tese dessas boas para discutir nos botecos da vida: será que há alguma relação entre a criação da área para os técnicos se movimentarem durante os jogos fora do campo e o fim dos líderes dentro do campo?
Será que acabou o tempo dos líderes e vivemos a era dos treinadores no papel de comandantes até durante os jogos? Os xerifes acabaram?
Quem é o líder do Flamengo? E do Corinthians? E do São Paulo, Palmeiras, Vasco?
A seleção de 1958 nunca foi chamada de a seleção do Feola, como a de 1962 não foi apelidada de a seleção do Aimoré nem a de 1970 era a do Zagallo, embora os três sejam reconhecidos pelo papel que tiveram como treinadores.
É verdade que em 1994 ainda não havia a área dos técnicos e a seleção do tetra era também a seleção do Parreira.
Mas, lembramos, era ainda a seleção do Romário e do Dunga.
Já a de 1998 era só de Zagallo, como depois passou a ser do Luxemburgo, do Leão, do Felipão etc. E isso é bom?
Parece que não.
Ao saírem do banco para ficar ao lado do campo, os técnicos está inibindo que as lideranças se exerçam dentro, estão impedindo até que um jogador desobedeça uma ordem ou dê outra, contrária a do treinador.
Pode ser tudo mera imaginação, fruto de um momento específico em que não temos nenhum jogador com personalidade de líder e técnicos muito fortes, não necessariamente castradores.
Mas que a coincidência da falta de líderes com a criação da área dos técnicos existe, existe.
(Publicado no “Lance!” de 07/08/2001)
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