segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Quando os Jogos eram Abertos

Só quem participou, pelo menos uma vez, dos Jogos Abertos de Santa Catarina, entende a força deste evento e suas transformações através dos tempos. E principalmente sua importância para nossas modalidades esportivas. Em suas 49 edições milhares de personagens entre dirigentes, atletas e imprensa fizeram a história desta grande competição, em 2009 com sede pela quarta vez em Chapecó.

Infelizmente não temos mais a singeleza e o purismo tão saudáveis para o meio esportivo. É natural que isso tenha acontecido. O que não é aceitável é a intromissão da política da pior espécie contaminando a essência dos Jogos Abertos, nascidos em 1961, em Brusque. Ano que vem assistiremos na cidade a festa dos 50 anos, desgraçadamente impregnada dos maus elementos que tomaram conta do esporte catarinense nas suas instâncias mais altas, como federações e fundações. Todos premiados com comendas e troféus, homenagem à corrupção e picaretagem. Com as exceções de praxe, claro.

Participei como jornalista de mais ou menos 30 edições, a primeira delas em Rio do Sul, 1971, quando acabáramos de fundar o Jornal de Santa Catarina. Do jeito que falo parece saudosismo, mas não é. Não quero a volta às quadras de cimento, ao tiro ao pombo (essa modalidade existiu, sim), dos atletas de pés descalços correndo por Salete e de outras excentricidades existentes na época por conta do amadorismo e do amor ao esporte.

Hoje corre dinheiro grosso, de bolso em bolso, de secretaria em secretaria, de prefeitura em prefeitura. Ginásios são reformados três a quatro vezes, stands de tiro modernos (custam fortunas) aparecem e desaparecem, abandonados como trastes inúteis em cidades sem nenhuma tradição nesse esporte. As pistas de atletismo nascem e morrem como plantas maltratadas, e até hoje não temos em Santa Catarina nenhuma pista sintética. Piscinas são construídas, mexidas, destruídas, sem contabilização dos prejuízos ou responsabilização dos criminosos.

Essa é a realidade, e ninguém presta contas. São segredos fechados, guardados a sete chaves. Não há fiscalização, talvez porque nossas prisões estejam superlotadas. O roteiro é conhecido. Quanto mais o município garantir uma edição dos Jogos Abertos, mais dinheiro sobrará para encher cofres públicos e privados, para a sustentação de caixas dois e outras excrescências.

Quem for capaz que me desminta.

Por: Mário Medaglia

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