Para tornar a competição mais democrática do país ainda mais popular e atrativa, molde seria a Copa da Inglaterra
Luis Filipe Chateaubriand
Quando a Copa do Brasil surgiu, em 1989, foi criada para que se pudesse dar chances aos pequenos clubes de disputarem uma competição nacional, com acesso direto à Copa Libertadores da América para quem obtivesse o título de campeão. Como se vê, desde os primórdios a competição pretende-se democrática.
É, portanto, por considerá-la democrática, que proponho que, sendo mais democrática ainda, possa incluir um número de participantes maior do que acontece atualmente. Em relação a isso, o norte deve ser a FA Cup, ou Copa da Inglaterra.
Tal qual na Copa da Inglaterra, proponho que o número de participantes seja o mais amplo possível. E, tal qual na Copa da Inglaterra, proponho que os jogos entre os clubes não sejam em esquema de “ida e volta”, mas únicos.
Objetivamente, a competição deve ser disputada em 10 datas, ou rodadas. Então, cabe indagar: como disputar a Copa do Brasil em 10 rodadas?
Devem participar do certame 1024 clubes, quais sejam:
• Os 700 clubes profissionais brasileiros
• 324 clubes amadores, selecionados/convidados pela Confederação Brasileira de Futebol
Na primeira fase da competição, os 1024 clubes devem ser divididos em 32 grupos regionalizados, com 32 clubes cada um. Então, os 32 clubes são divididos em 16 chaves de dois para, em jogo único, um clube se classificar (uma rodada). Em seguida, os 16 clubes sobrantes são divididos em oito chaves de dois para, em jogo único, um clube se classificar (uma rodada). Logo após, os oito clubes sobrantes são divididos em quatro chaves de dois para, em jogo único, um clube se classificar (uma rodada). Em continuidade, os quatro clubes sobrantes são divididos em duas chaves de dois para, em jogo único, um clube se classificar (uma rodada). Finalmente, os dois clubes sobrantes confrontam-se entre si, em jogo único, até se ter o campeão do grupo (uma rodada). Ao final dessas cinco rodadas, tem-se o campeão de cada um dos 32 grupos regionalizados, que disputarão a segunda fase da competição.
Na segunda fase da competição, os 32 clubes jogam em sistema eliminatório. Desta forma, os 32 clubes são divididos em 16 chaves de dois para, em jogo único, um clube se classificar (uma rodada). Em seguida, os 16 clubes sobrantes são divididos em oito chaves de dois para, em jogo único, um clube se classificar (uma rodada). Logo após, os oito clubes sobrantes são divididos em quatro chaves de dois para, em jogo único, um clube se classificar (uma rodada). Em continuidade, os quatro clubes sobrantes são divididos em duas chaves de dois para, em jogo único, um clube se classificar (uma rodada). Finalmente, os dois clubes sobrantes confrontam-se entre si, em jogo único, até se ter o campeão da Copa do Brasil. Nesta segunda fase da competição, têm-se, novamente, cinco rodadas.
Como a primeira fase do certame tem cinco rodadas, e a segunda, outras cinco, em 10 rodadas, ou datas, disputa-se a competição. Essas 10 datas podem estar distribuídas ao longo de meios de semanas de parte de março, abril e maio de determinado ano.
Uma pergunta se faz mister, a partir da proposta apresentada: por que a disputa se dá em jogo único, ao invés de jogos de “ida e volta”, em cada subfase?
Dois motivos para tanto são apresentados.
Em primeiro lugar, ao se fazer jogo único, tudo é resolvido em 10 rodadas e, se os jogos se fizessem em “ida e volta”, deveria haver 20 rodadas. Para se ter um calendário racional, recorrer-se ao menor número de rodadas para se realizar as competições parece algo benéfico.
Em segundo lugar, se os jogos são únicos, e não em sistema de “ida e volta”, já que cada subfase é disputada em eliminatórias simples, todos os jogos são decisivos! Ou seja: ao final de cada jogo, sempre há um clube classificado - e um clube eliminado, obviamente. Dar um caráter decisivo a cada jogo parece também ser benéfico, um atrativo tanto em termos de bilheteria, como em termos de audiência.
Mas, ao se fazer jogo único em cada subfase, e não jogos de “ida e volta”, outra pergunta faz-se necessária: onde cada jogo será realizado?
A ideia é que, para cada jogo, haja um sorteio entre os clubes que jogarão. O clube que vencer o sorteio decide se prefere jogar com o mando de campo – e, neste caso, concede a vantagem do empate para se classificar à agremiação com quem se confrontará –, ou se prefere jogar com a vantagem do empate – e, neste caso, concede o mando de campo ao seu adversário.
Um exemplo: imagine-se que o jogo seja Palmeiras x Icasa, do Ceará. Procede-se o sorteio, e há quatro opções, a saber:
• Icasa ganha o sorteio e opta por jogar com o mando de campo. Neste caso, o Palmeiras pode empatar para classificar
• Icasa ganha o sorteio e opta por poder empatar. Neste caso, o mando de campo é do Palmeiras
• Palmeiras ganha o sorteio e opta por jogar com o mando de campo. Neste caso, o Icasa pode empatar para se classificar
• Palmeiras ganha o sorteio e opta por poder empatar. Neste caso, o mando de campo é do Icasa
O signatário desta proposta considera que, sendo assim, dá para se fazer cada subfase em jogo único, e não em jogos de ida e volta. Afinal, se está concedendo uma vantagem para cada clube (ou jogar podendo empatar, ou jogar com o mando de campo), o que é justo. De quebra, essa metodologia elimina a necessidade de se decidir a vaga em prorrogação ou pênaltis.
Enfim, essa é a Copa do Brasil proposta.
*Luis Filipe Chateaubriand é autor do livro 'Futebol brasileiro: um projeto de calendário', pela editora Publit (www.publit.com.br).
Estava faltando este artigo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário