segunda-feira, 1 de novembro de 2010

500 anos esta noite (homenagem a Dilma)

Reproduzo poesia de Hamilton Pereira (Pedro Tierra), publicada no sítio da Adital:

De onde vem essa mulher
que bate à nossa porta 
500 anos depois?
Reconheço esse rosto estampado
em pano e bandeiras e lhes digo:
vem da madrugada que acendemos
no coração da noite. 
De onde vem essa mulher
que bate às portas do país 
dos patriarcas em nome
dos que estavam famintos
e agora têm pão e trabalho?
Reconheço esse rosto 
e lhes digo:
vem dos rios subterrâneos da esperança,
que fecundaram o trigo e 
fermentaram o pão.

De onde vem essa mulher
que apedrejam, mas 
não se detém,
protegida pelas mãos aflitas dos pobres
que invadiram os espaços de mando?
Reconheço esse rosto e lhes digo:
vem do lado esquerdo do peito.


Por minha boca de clamores e silêncios
ecoe a voz da geração insubmissa para contar 
sob sol da praça
aos que nasceram e aos que nascerão,
de onde vem essa mulher.

Que rosto tem, que sonhos traz?
Não me falte agora a palavra que retive
ou que iludiu a fúria dos carrascos
durante o tempo sombrio
que nos coube combater.

Filha do espanto e da indignação,
filha da liberdade e da coragem,
recortado o rosto e o riso como centelha:
metal e flor, madeira e memória.

No continente de esporas de prata
e rebenque, o sonho dissolve a treva espessa, recolhe os cambaus, a brutalidade, 
o pelourinho, afasta a força que sufoca e silencia
séculos de alcova, estupro 
e tirania e lança luz sobre o rosto dessa mulher
que bate às portas do nosso coração.

As mãos do metalúrgico,
as mãos da multidão inumerável
moldaram na doçura do barro
e no metal oculto dos sonhos
a vontade e a têmpera
para disputar o país.

Dilma se afarta da luz
que esculpiu seu rosto
ante os olhos da multidão
para disputar o país,
para governar o país.
Nasce uma nova aurora:

Bom Dilma!!!

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