sábado, 18 de setembro de 2010

Os novos rumos do esporte catarinense em discussão

Mesa redonda da Fesporte atraiu poucos dirigentes de fundações e técnicos

Recursos, estrutura e planejamento são palavras chaves para o esporte catarinense ganhar o status que merece no contexto nacional. A profissionalização da Fesporte e seus eventos não pode excluir nenhuma delas nem os conceitos para o futuro de mudanças que o presidente da entidade, Pedro Lopes, tem discutido com a comunidade esportiva durante os Jogos Abertos em Brusque.

A mesa redonda realizada na manhã desta sexta-feira (17), no Hotel Monthez representou mais uma oportunidade para o debate provocado pelo presidente da Fesporte, que vê como inadiável o fim do romantismo nos Jogos Abertos. A intenção de Pedro Lopes é, através desta troca de idéias e apresentação de sugestões, mudar profundamente o rumo de todas o sistema esportivo de Santa Catarina.

Poucos dirigentes e fundações atenderam o convite, mas os que lá estiveram ouviram do presidente da Fesporte afirmações contundentes sobre a necessidade do fim do amadorismo na gestão e execução de eventos esportivos. Citou como exemplo o esforço do técnico de futsal, Valci Moreira, para manter vivo o esporte na Capital. “É um louco, um abnegado, e o esporte não comporta mais esse tipo de loucura”.

Pedro Lopes salientou também o trabalho na Federação Catarinense de Ciclismo por seu presidente, João Carlos Andrade, e por Rubens Facchini, um dos criadores dos Jogos Abertos. “Fazer parte história hoje não é mais suficiente. É preciso planejamento e organização, para que se chegue à estrutura exigida por um esporte profissional. E o planejamento tem que ser feito por quem faz o esporte”, uma referência ao saudosismo fora de tempo, algumas injunções políticas e recursos mal aplicados, como os oriundos do Fundesporte.

O presidente da Fundação Municipal de Esportes de Caçador, Roberto Ferraz, foi o primeiro a usar a palavra. Seu município é candidato, junto com Joinville, à sede dos Jogos Abertos de 2012. “Precisamos ter certeza do modelo que devemos seguir, junto com o fortalecimento das secretarias municipais de esporte e as fundações”. Roberto aproveitou para criticar a falta de interesse dos dirigentes nesse tipo de discussão.

O exemplo estava nesta mesa redonda. Além da área técnica da Fesporte, representada por Lílian de Fátima Pinto e Osvaldo Junklaus, poucos segmentos estavam ali representados, como fundações – só Caçador, Itajaí e Blumenau -, membros do judiciário esportivo – apenas os presidentes da Comissão Disciplinar e do TJD –, dirigentes esportivos, treinadores e atletas.

A diretora técnica da Fundação de Itajaí, Elizabete Laurindo, praticamente repetiu o discurso de Caçador, pedindo mais autonomia para as instituções que lidam com o esporte. “Não podemos ficar na dependência de prefeitos. Se não gostarem do esporte, não temos o que fazer porque os recursos são mínimos. Não se pode esquecer que é no município onde as coisas acontecem. Por isso precisamos de autonomia e de recursos, que custam a sair do Fundesporte, que virou instrumento de manipulação política”, desabafou Elizabete.

Parecia discurso combinado. O Conselheiro, presidente da Fundação de Blumenau e ex-atleta, Sérgio Galdino, apresentou as mesmas sugestões de Itajaí e Caçador, com um adendo, quase uma exigência. “Precisamos de uma política esportiva para o estado. Estamos muito a frente até dos principais estados brasileiros, mas falta esse alinhamento do esporte com o turismo e a cultura. Grandes eventos nas cidades como teremos em novembro com os Jogos Universitários Brasileiros, movimentam a economia de toda a região”, disse Galdino.

Já o colunista esportiva Maceió entrou na discussão para lamentar que Santa Catarina não tenha até hoje uma pista sintética para o atletismo. “Somos um pólo de revelação de talentos, com uma cultura olímpica baseada em atletas de ponta. O Rio Grande do Sul já tem sete pistas, nós nenhuma. O momento exige a criação de vertentes que ajudem a massificar o esporte e qualificar ainda mais a genética dos nossos atletas. Igual a Santa Catarina, ninguém tem no Brasil”, lembrou Maceió complementando. “Basta aproveitar a matéria prima disponível e usar melhor os recursos liberados através do Fundesporte”.

Pedro Lopes tem convicção sobre o que precisa mudar no contexto esportivo catarinense, contando, com ajuda externa através de uma política vertical, estabelecida por Brasília através de seus órgãos afins. “Estamos muito afastados do Comitê Olímpico Brasileiro que nos considera o terceiro pólo olímpico do país. Essa aproximação é necessária. Sem ela não teremos suporte para levar adiante nossos projetos. Além disso, o planejamento é fundamental, desde os eventos escolares. Vamos aproveitar o espaço que está sendo criado no Sapiens Park, em Florianópolis, e ali montar nosso direcionamento olímpico. Desde, é claro, que possamos contar com um orçamento independente”, finalizou Pedro.

Central de Imprensa Fesporte

Mário Medaglia

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